2 de outubro de 2009

Obrigado, Monique!

. Eu gosto de sebos. Gosto de 'caçar' coisas naquele mundo já vivido, já experimentado. E depois, chegar em casa e lavar as mãos, e ver a água cinza, sujeira do tempo, água cinza, impregnada de histórias.

. Eu gosto de brechós e de roupas que já viveram outras coisas que a vida na fábrica, que já sentiram outras mãos, que as mãos das costureiras, outros corpos que os dos manequins; que já foram a festas e receberam entre seus fios vinho, cerveja, saliva, sexo. Roupas que contém e contam histórias.

. Eu gosto de discos de vinil de sebos. Gosto de sentí-los, de tê-los nas mãos, de sentir o peso da arte. Gosto de procurar por riscos, com cuidado, segurando pelas bordas. Gosto de soprá-los pra tirar a poeira, pra deixá-los limpos. E gosto das dedicatórias nas capas, a marca do tempo. É comprar o Travessia, do Milton Nascimento por 4 reais, e como brinde de valor inestimável, ganhar a inscrição à mão, em caneta azul, na contracapa:

"Para você que agora está atravessando uma fase da vida, nada mais de acordo do que o exemplo de alguém que fez e faz uma maravilhosa 'Travessia'. Toda a felicidade do mundo prá você.
Monique
28-04-79"


É ler isso, e pensar, quem é Monique, quem, antes de eu nascer escreveu algo, que hoje, é para mim? Quem diria, Monique, sem te saber, sem te ver, você me tem algo a dizer. É agradecer: obrigado Monique! Amei o presente.

É uma travessia: das coisas, no tempo; as coisas ficam.

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