2 de novembro de 2009

É, fantástico...

Foi notícia nos jornais dessa semana o caso da garota que foi violentada moralmente na universidade Uniban, em que estuda turismo, em São Bernardo do Campo, pelo fato de ter ido à aula com um vestido curto.

O ato de barbárie, exige investigação e punição de culpados. A violência de gênero foi explícita: a violência ali, ultrapassou o corpo da moça. Foi contra as mulheres.

Mas, tudo isso tem sido discutido e felizmente a maioria das pessoas chega a essa conclusão quando lê as linhas das notícias. Mas, há os que contra o bom senso (e a favor de uma moral ultra conservadora), preferem extrapolar. Falo do Fantástico, da Rede Globo e da maneira como abordou a questão na edição do último domingo.

Esperava-se no mínimo uma discussão sobre a violência de gênero sofrida pelas mulheres. Pois bem sabemos, se fosse um homem com uma roupa curta, essa caça à bruxa não teria ocorrido. Mas para nossa surpresa (ou não...) o Fantástico preferiu abordar o assunto como se tratasse de sugerir onde e que tipo de roupa usar, e para tanto, chamou para falar sobre o ato de violência, barbárie, a 'consultora de moda' (!) Glorinha Kalil, que jogou nas costas da moça a culpa, devido à inadequação de seu traje naquele momento. Glorinha diz depois, que nada justifica tal violência. Mas o peso de sua primeira declaração, para mim, anula qualquer boa intenção em sua análise:

“Quando a gente põe uma roupa errada, a roupa que não combinou com o lugar que a gente foi, a gente acaba sendo lida de uma maneira que não era a que a gente gostaria. Foi o que aconteceu aqui. Olha, nada, mas nada mesmo, justifica a agressão que essa moça sofreu.”

Estou ficando paranóico? Porque, se chegamos ao ponto, de aceitarmos passivamente que veículos da 'grande' mídia afirmem em entrelinhas através da fala de uma 'especialista' em etiqueta, que um vestido curto é motivo para recriminação e violência moral, chegamos ao ponto de entregar os pontos. Apagar a luz, sair e fechar a porta.

O problema para mim não está no que disse a 'consultora de moda', mas na idéia que o conjunto da matéria representa. E o que eles quiseram dizer foi claramente isso: a moça estava errada; essa roupa, não é roupa para frequentar círculos sociais 'decentes', muito menos, roupa de uma mulher 'digna' usar; logo, a violência está justificada.

É mole?
É, fantástico...

2 comentários:

  1. Parabens pelo "lirismo" do texto...mtos que fazem essas famecos da vida não conseguem atingir tamanha sobriedade e ser literário ao mesmo tempo.

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  2. Eu prego o direito universal o tempo inteiro.

    Se esta moça pode ir à faculdade com um vestido que mostra 1/3 das nádegas, então qualquer um pode.

    E se qualquer um pode andar semi-nu, porque não podemos andar nus em pelo?

    Um gasto a menos, não acha?

    No Brasil, há leis de pudor estabelecidas. A vaia coletiva se deu pelo extrapolar destas leis. Uma vitória da moral e dos bons costumes.

    Faculdade é lugar de aprender, pesquisar e desenvolver as ciências, não de desfilar semi-nua.

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